Tecnologia de monitoramento e avaliação de projetos/programas sociais:Cooperação e Desenvolvimento pela Infância e Juventude

2 de set. de 2011

Tecnologia de monitoramento e avaliação de projetos/programas sociais

Compartilhamos para reflexão de todas as organizações que vivem no seu cotidiano o desafio do Monitoramento e Avaliação!


Tecnologia de monitoramento e avaliação de projetos/programas sociais

Carol Zanoti

Confesso que não aprecio muito filmes de ficção, mas ouso começar este artigo lembrando o filme “O exterminador do futuro” (1984) para comparar a necessidade de qualificar tecnicamente as avaliações de projetos/programas socioambientais.

O filme conta a história que num futuro próximo, a guerra entre humanos e máquinas foi deflagrada. Um plano inusitado é arquitetado pelas máquinas ao enviar para o passado um andróide (Arnold Schwarzenegger) com a missão de matar a mãe (Linda Hamilton) daquele que viria a se transformar num líder e seu pior inimigo.

Nos nossos projetos/programas socioambientais acontece, infelizmente, algo muito parecido... A frustração de não conseguirmos mensurar claramente o sucesso dos nossos projetos/programas e contribuir para a causa assumida, reflete a crença de que eles poderiam ser exterminados antes mesmo de gerados.

Ao assumirmos uma causa desejamos construir ações para colaborar na produção de resultados e impactos relevantes. Investimos recursos, serviços, capacidades para gerar diante da causa assumida uma referência de sucesso.

Muitas organizações intuem o desenvolvimento e sucesso dos seus processos pontualmente, quando analisam o desempenho de suas ações apenas com relatos subjetivos. “Sei que meu projeto/programa é muito bom...” Mas, quando aprofundamos na análise de seus resultados, em sua maioria não tem vínculo com o objetivo proposto. Um projeto/programa que não tem objetivo e metas claras (marco zero), e não estabelece os mecanismos e técnicas de monitorá-lo, raramente apresentará resultados que produzem impacto diante da causa. Nesses casos a perda de foco contribui com uma frustração diante da causa.

Outras, avaliam seus processos somente como forma de supervisão do investidor ou apoiador, para verificar se o investimento é aplicado de forma correta, sem envolver e correponsabilizar todos os atores no processo. Nestas organizações, maçantes mecanismos de supervisão, impedem que todos os envolvidos possam empodeirar-se e enriquecer-se com metodologias de sucesso.

Poucas organizações conseguem identificar, esclarecer e aplicar critérios, passíveis de serem defendidos publicamente, para determinar o valor (mérito e relevância), a qualidade, utilidade, efetividade, importância e eficiência destas ações.

O IBGE divulgou neste ano (21/05/2010) novas informações sobre assistência social nos municípios brasileiros. Uma parte dessa pesquisa mostra avanços nos serviços sociais, mas também traz um alerta: faltam técnicas de monitoramento no desenvolvimento dos projetos/programas e avaliação de seus resultados e impactos diante da causa.

Segundo este levantamento, duas em cada três prefeituras não possuem tecnologia para avaliar a qualidade dos serviços e saber se de fato eles estão sendo úteis.

A avaliação é entendida como um processo que apoia a gestão, a tomada de decisão, ajuda a corrigir rumos, identificar erros e acertos, verifica a realização de objetivos, identifica os resultados no público do projeto e gera credibilidade ao projeto.

Os principais desafios apontados pelos que avaliam projetos/programas são: a construção de indicadores, o envolvimento dos públicos do projeto na avaliação, o desenvolvimento de instrumentos, a coleta de informações, a análise dos resultados e a mobilização de recursos.

As abordagens iniciais à avaliação de impacto datam da década de 1950 feitas pelas agências de desenvolvimento (EIA – Environment Impact Assessment (ambiental); SAI – Social Impact Assessment (social); CBA – Cost-Benefit Analysis (custo-benefício); SCBA – Social Cost-Benefit Analysis (custo-benefício social). Até então as análises estavam restritas a avaliações anos após o encerramento de um projeto / programa.

No início de 1980, começaram a surgir novos métodos de avaliação que contribuíram para: tornar participantes todos os públicos envolvidos nas ações; possibilitar, a partir de um diagnóstico inicial (marco zero), verificar o progresso das ações; verificar a efetividade dos resultados qualitativos e quantitativos periodicamente no processo das ações.

Em 1988 o desenvolvimento do planejamento de um projeto orientado por objetivos introduz as noções do MARCO LÓGICO, criado no âmbito da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Metodologia esta que foi adotada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para: planejamento, elaboração, monitoramento e avaliação de projetos/programas.

Este histórico convida a nossa geração ao prazeroso serviço de, com profissionalismo, estabelecer instrumentos criativos e inculturados de aperfeiçoamento e novas técnicas de monitoramento e avaliação de projetos/programas socioambientais.

O pior inimigo de nossas ações é a não clareza de seu impacto diante da causa. É premente a necessidade de investir em pesquisas nessa área do conhecimento, formar profissionais capacitados para executá-las, além de trabalhar com modelos participativos. Só assim, nossas ações poderão sair da ficção e tornarem-se referência e motivação.

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