Formação de jovens urbanos é prioridade:Cooperação e Desenvolvimento pela Infância e Juventude

28 de abr. de 2011

Formação de jovens urbanos é prioridade

As conclusões do último relatório global do Unicef "Situação Mundial da Infância 2011 - Adolescência: Uma fase de oportunidades" apontam que investir na proteção e desenvolvimento da população mundial de 1,2 bilhão de adolescentes pode romper ciclos de pobreza e desigualdade. A atual situação dos jovens demonstra que as oportunidades para sua inserção social e produtiva ainda são insuficientes, tornando-os o grupo etário mais vulnerável a riscos.

As oportunidades são ainda mais escassas quando se considera os jovens das periferias de grandes centros urbanos. Apartados do centro da cidade pela distância e a falta de infra-estrutura, esse público torna-se ainda mais vulnerável. Investir na formação de jovens é uma questão urgente em um País como o Brasil, onde 30% dos seus 191 milhões de habitantes têm menos de 18 anos e 11% da população têm entre 12 e 17 anos, um contingente de mais de 21 milhões de adolescentes.

Grandes centros urbanos possuem características peculiares que precisam ser consideradas em suas especificidades quando se pensa na formação oferecida a esse público. Ao mesmo tempo em que a oferta de atividades de lazer, esporte, equipamentos de saúde e educação é ampla, elas estão concentradas na área central das grandes cidades. "O acesso às oportunidades e às informações é restrito, o que amortece o potencial dessas. Por isso, ao pensar em um programa de formação, é fundamental viabilizar a mobilidade, garantindo a circulação dos jovens em diferentes espaços da cidade", pontua Maria Adrião, consultora para o Unicef e gestora da iniciativa Plataforma dos Centros Urbanos.

Eliane dos Santos Souza, coordenadora da associação de bairro Comunidade Assistência Jardim Prainha, uma das executoras do Programa Jovens Urbanos, uma iniciativa da Fundação Itaú Social em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), concorda com a questão levantada pela especialista. A região central da cidade ainda acumula o maior número de oportunidades culturais. A periferia produz muita coisa, mas não é suficiente para atender a demanda. Para ela, as oportunidades de um grande centro são diversas, mas não são para todo mundo. "Vivemos em um contexto de desigualdade e isso tem que ser considerado", afirma.

Recém-graduada em Serviço Social pela PUC-SP, Elaine abordou essa temática em seu trabalho de conclusão de curso. O estudo Juventude e direito à cidade. Vivências dos jovens do Grajaú com a circulação na cidade. Ela baseou-se em sua experiência de cinco anos com o Programa Jovens Urbanos para realizar o estudo Juventude e direito à cidade. Vivências dos jovens do Grajaú com a circulação na cidade. O programa é apresentado como exemplo de iniciativa que consegue apontar algumas respostas para a questão da circulação e apropriação da cidade, bem como suscitar novas questões sobre a relação entre o jovem e a cidade.

A consultora do Unicef Maria Adrião afirma que, independentemente do território onde a formação ocorra, alguns aspectos devem ser considerados, como a aproximação com as famílias; o estabelecimento de parcerias locais; a iniciação do jovem no mundo do trabalho; o uso de tecnologias. "A metodologia deve ser flexível e adaptável às diferentes realidades das comunidades. É preciso questionar se a proposta faz sentido para os jovens e, para isso, eles devem ser ouvidos. Acredito que o processo metodológico deve ser construído de forma colaborativa".

Para Elaine, os educadores e todos os envolvidos no processo de formação devem se despir de preconceitos, rejeitando os estereótipos de que a juventude é irresponsável e não está interessada em nada. "Quando os educadores atuam de forma provocativa, os jovens respondem com produções belíssimas. Os projetos de intervenção nas comunidades que são desenvolvidos ao final de cada processo formativo do Jovens Urbanos são a prova disso". Maria Adrião complementa a fala de Elaine, ao dizer que é preciso estabelecer uma relação horizontal entre os jovens e os educadores. "Qualquer processo formativo deve considerar o contexto de vida, o repertório e o conhecimento prévio, além de respeitar a pluralidade juvenil", finaliza.

Fonte:fundacaoitausocial

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