Desafios para reformular formação inicial de educadores:Cooperação e Desenvolvimento pela Infância e Juventude

29 de set. de 2011

Desafios para reformular formação inicial de educadores

Garantir uma formação inicial e contínua adequada para professores é fundamental para avançar na corrida por uma educação de qualidade. O tema está em alta na agenda política por ser uma das metas do Plano Nacional de Educação, cuja aprovação está em tramite no Congresso Nacional. O documento estabelece que sejam desenvolvidas ferramentas para que 50% dos docentes da educação básica realizem cursos de graduação e pós-graduação lato e stricto sensu.

Segundo a doutora em Lingüística Aplicada ao Ensino de Línguas pela PUC-SP Roxane Helena Rodrigues Rojo mais do que ampliar o acesso dos educadores à graduação é preciso reformular a estrutura dos cursos de letras e licenciatura. "O currículo dos cursos não contempla as competências exigidas pelas redes de ensino e está fora da realidade que o educador vai encontrar em sala de aula", afirma a especialista, que foi uma das palestrantes do Seminário da Olimpíada de Língua Portuguesa: A escrita sob foco: reflexão em várias vozes, realizado pela Fundação Itaú Social em Brasília de 29 a 31 de agosto.

Roxane coordena o curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Língua Portuguesa do Programa Rede São Paulo de Formação Docente (Redefor), uma parceria entre o Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade de Campinas e a Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo, que até 2012 oferecerá cursos de especialização à distância para 30 mil profissionais da rede pública estadual. "O que me chamou mais atenção durante a oferta do curso foi o fato dos participantes terem uma formação inicial precária. 60% deles sequer tinham visto na graduação disciplinas básicas para a formação docente, como Linguística Textual e Análise de Discurso", enfatiza.

A ausência de alguns conteúdos somada ao fato da formação atual não levar em conta as transformações sociais e o uso de tecnologias como o twitter, facebook e youtube e a pouca prática pedagógica, dificulta a aproximação com os alunos. "Além do estudante de letras ter contato com a prática pedagógica muito tarde, que acontecerá durante o estágio, existem diversas lacunas entre o conteúdo teórico e prático apresentado nos cursos". Ela explica que "isso acontece porque a estrutura acadêmica é muito resistente a mudanças e os currículos são voltados para uma escola moderna quando a sociedade é pós-moderna", afirma.

Um exemplo prático de como uma formação ultrapassada pode interferir nas aulas é fato do professor não estar capacitado para usar o computador em sala de aula ou não ter liberdade para usá-lo. Na opinião dela, a aproximação do professor com as mídias digitais na formação inicial é fundamental, pois permitirá que o educador tenha uma formação mais completa. "Enquanto a escola mantém currículos fechados com conteúdos sobre paráfrase, por exemplo, cada vez mais o aluno escreve diferente, se informa por outras fontes diferentes do jornal. Não é preciso ignorar a linguagem culta, mas antes de tudo é necessário considerar o repertório do aluno para poder ampliá-lo. Ensinar o básico é pouco", finaliza.



Fonte:fundacaoitausocial

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