Aos 15 anos, Rafael Silva conheceu o projeto Dando
Bola Pra Vida. O projeto, hoje é uma realidade que se consolidou nas
comunidades do Complexo do Cerro Corá, para pelo menos 800 crianças e
adolescentes e suas famílias. Em parceria com a KNH Brasil, o projeto
desenvolve atividades artísticas, culturais, pedagógicas de acompanhamento,
sócio- familiar e escolar.
"Quando conheci o projeto eu vinha só pra fazer
bagunça, porque não tinha lugar para eu brincar". O que Rafael não podia
imaginar é que o projeto Circo Social com sua magia, encantamento e o poder
auto disciplinador, das habilidades circenses o levasse de encontro a uma nova
realidade de vida. Ao compreender o sentido
de partilha e de cidadania que o circo social proporciona, Rafael torna-se
voluntariamente um circulador de saberes junto a outros meninos e meninas.
A pressão social interrompe esse
processo de aprendizagem, e impõem a Rafael uma busca imediata de geração
de renda, comprometendo a continuidade e permanência no projeto conduzindo-o ao desligamento
da escola formal, levando-o ao afastamento do projeto para trabalhar como
flanelinha e ajudante de transporte alternativo. Onde fica
um bom tempo afastado do projeto, e sempre que tinha dias e horários livres ia
à quadra para jogar bola, e naturalmente mobilizava vários meninos e meninas
para assim participarem juntos das atividades, numa troca constante de organização,
ensino e aprendizado.
Com o objetivo de
valorizar a capacidade de mobilização e protagonismo de Rafael, o projeto
passou a apoia-lo com uma bolsa auxílio financeiro, cobrindo os valores
relativos ao que recebia tomando conta de carros nas ruas próximas ao Cristo
Redentor. Estimulando-o a organizar e sistematizar mais suas ações e a
participar de reuniões de planejamento e avaliação com educadores e a começar a
se reaproximar da escola formal.
Hoje, Rafael Silva, organiza
"O Brinquedo Esportivo" que conta com aproximadamente cinquenta crianças
com atividades esportivas as terças e quintas-feiras, onde acompanha
atentamente o movimento olímpico que circula pela cidade.
A copa do mundo e as
Olimpíadas aproximam-se e as expectativas em relação à geração de melhorias
para a cidade do Rio de Janeiro desapontam Rafael, que percebe que ações como a
que desenvolve, não vão ter visibilidade, porque políticas públicas estão
focadas nas grandes vitrines internacionais reservando para favelas e
periferias apenas ações de contensão policial.
O Brasil caminha para
tornar-se a quinta maior economia do mundo, mas ainda ocupa a octogésima oitava
posição no ranking mundial de Educação, resultante da falta de manutenção das
desigualdades sociais, raciais e econômicas, traduzidas no grande acumulo do
capital e na péssima distribuição de renda. 48 milhões de jovens entre 14 e 24
anos no Brasil, tem profundas dificuldades de inserção no primeiro emprego,
devido a vários fatores como a dificuldade de conclusão do ensino básico ou
médio, e até mesmo a ida para o mercado informal.
E é neste contexto de desenvolvimento
econômico, baixo investimento em educação, violência contra jovens (a relação é
de 2 jovens negros para cada 3 homicídios) que Rafael Silva morador da favela
do Cerro Corá ensina o sentido do que é dar bola pra vida.
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