Créditos: juliana Sada, do
Promenino com Cidade Escola Aprendiz
Eles são mais de um quarto da população
brasileira. Em sua maioria, católicos, solteiros, pardos ou negros e chegaram
até o ensino médio. São, sobretudo, otimistas quanto ao seu futuro. Esse é o
retrato do jovem brasileiro, trazido pela pesquisa Agenda Juventude Brasil divulgada no dia oito de Agosto.
Contrariando estereótipos, os jovens também se mostram interessados em política
e participação social.
Realizado pela
Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) da Secretaria Geral da Presidência da
República, o levantamento busca traçar um panorama dos brasileiros entre 15 e
29 anos para embasar e avaliar as políticas públicas para a juventude.
“Conhecer os jovens brasileiros é fundamental tanto para avaliar as respostas
que governo e sociedade estão dando à juventude, como para desenvolver novas
políticas que realmente dialoguem com suas demandas”, explica, em entrevista ao Promenino,
a coordenadora de Políticas Setoriais da SNJ, Helena Abramo, que foi
responsável pela elaboração e supervisão da pesquisa.
Realizada entre
os meses de abril e maio deste ano, contou com mais de três mil jovens
entrevistados. Apesar das preocupações com segurança e profissão, a juventude se
mostra otimista quanto ao seu futuro. A grande maioria (94%) acredita que sua
vida vai melhorar nos próximos cinco anos. A expectativa continua alta em
relação ao próprio bairro e o Brasil – 53% e 44% creem que haverá melhorias,
respectivamente.
“Os motivos
[do otimismo] são principalmente os que dizem respeito a dois processos
fundamentais de inserção para o jovem: trabalho e educação”, explica Helena. “A
maioria dos jovens (52%) acha que a sua vida vai melhorar porque vão arrumar
emprego, melhorar de emprego ou desenvolver sua carreira profissional; quase
metade (46%) porque vai terminar os estudos, se formar, alcançar um nível mais
alto de escolaridade”, complementa.
Política e
engajamento
O primeiro
fascículo da Agenda Juventude Brasil foca na questão da participação social dos
jovens e revela o interesse pela política e desejo de engajamento. Mais da
metade dos entrevistados disseram considerar a política importante e 91%
acredita que os jovens podem mudar o mundo.
Realizada antes
das manifestações de junho que ocorreram por todo o país, a pesquisa mostra que
já havia interesse dos jovens em se mobilizar. Do total, 26% dos entrevistados
afirmaram que a atuação em coletivos ou organizações é um dos caminhos para
melhorar o Brasil. Em segundo lugar, com 20%, foram apontadas as manifestações
e ações diretas.
Há o desejo de
atuar, mas apenas 20% afirma estar engajado em alguma organização. A maior
parcela (39%) relata jamais ter tido atuação política, mas gostaria de se
envolver com algum grupo. Apenas 15% diz que nunca participou e nem gostaria.
Para a coordenadora da SNJ, “a vida associativa dos jovens na atual conjuntura
é muito diversificada e envolve muita experimentação. Assim, é interessante
reparar que ainda que haja uma parcela pequena de jovens atualmente
participando de cada uma das iniciativas perguntadas, há outra em proporção
semelhante que já participou, além de parcelas geralmente maiores que desejam
vir a participar”.
Ao mesmo tempo
em que há um desejo de engajamento, há uma negação de algumas formas de
participação. Por exemplo, 88% dos entrevistados afirmaram que não
participariam de um partido político e 81% dizem que não entrariam em
movimentos e associações que lutam por algum causa. “Há que refletir, pois há
mais desejo que participação efetiva. É preciso ver até que ponto os jovens
podem se ver contemplados nas organizações existentes, seja pelos seus modos de
atuação, seja pelas agendas que carregam”, analisa Helena.
Conclusões e
próximos fascículos
Nas
considerações finais da pesquisa, afirma-se que há “indicativos do potencial da
juventude de contribuir para a transformação do país e para a oxigenação da
vida democrática”. Helena destaca que “apesar de formulações correntes que
apontam que os jovens de hoje são muito consumistas, as referências ao aumento
da capacidade de consumo como indicação de melhoria de vida é residual para os
jovens pesquisados”.
A
pesquisa Agenda Juventude Brasil terá ainda outras edições com foco em
diferentes temas, como educação, saúde, cultura e sexualidade. Ainda não há
data para estes lançamentos.
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