EM DEBATES DA REDE LACTI, TRABALHO INFANTIL NOS LIXÕES APARECE COMO ASPECTO COMUM ENTRE PAÍSES DA AMÉRICA LATINA. :Cooperação e Desenvolvimento pela Infância e Juventude

14 de ago. de 2013

EM DEBATES DA REDE LACTI, TRABALHO INFANTIL NOS LIXÕES APARECE COMO ASPECTO COMUM ENTRE PAÍSES DA AMÉRICA LATINA.

Imagem: João Roberto Ripper 

 Créditos: Juliana Sada, do Promenino com Cidade Escola Aprendiz

Famílias inteiras em lixões na Venezuela, Argentina e Colômbia. Meninas vítimas de exploração sexual no Chile e no Peru. Crianças envolvidas no conflito armado na Colômbia. Meninos e meninas recrutadas na comercialização de drogas no Chile. O que essas crianças e adolescentes tem em comum?
Todos estão envolvidos no que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) define como as piores formas de trabalho infantil. São atividades que, por oferecerem muitos riscos ou serem ilegais, devem ser o foco prioritário das políticas públicas.

Ainda que se concorde que tais atividades sejam danosas e que se faz necessário afastar crianças e adolescentes delas, os países enfrentam muitas dificuldades para erradicar as piores formas de trabalho infantil. Isso ocorre devido a diversos problemas, como o fato de que, em geral, as atividades estão vinculadas ao mercado informal ou a espaços de difícil fiscalização. Além disso, algumas formas ligam-se a atividades ilegais ou criminosas, como exploração sexual ou narcotráfico.

Diante do desafio, atores de diferentes países da América Latina debatem virtualmente no fórum da Rede Latino-Americana para a Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Lacti). As discussões virtuais serão levadas para o IV Encontro Internacional contra o Trabalho Infantil, em 26 de agosto.
A infância entre o lixo
Entre as questões debatidas, estão como as diferentes instituições podem se articular para combater as piores formas e quais são os fatores de risco que levam as crianças ao trabalho.
Entre os casos mais recorrentes nos fóruns, está o trabalho de crianças e adolescentes separando materiais nos lixões. A realidade é comum a vários países da América Latina e emerge de uma situação vulnerável de toda a família. Para o membro do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar, Joaquin Vicente Orosco Scarpetta, muitos dos esforços para tirar as crianças dos lixões têm sido em vão, pois “o problema é socialmente maior, as famílias não encontram outro sustento que não o lixo como meio de vida”. 
Da Venezuela, veio a experiência de alguns municípios que impedem o acesso de crianças e adolescentes aos lixões. “Entretanto, os familiares seguem vivendo no meio do lixo e levam esses materiais para casa para que os pequenos os separem. Como vemos as soluções são parciais”, pontua o pesquisador do Centro de Investigação Social, Fernando Blanco.
Para a integrante do Instituto de Desenvolvimento Social do Peru, Ana Cecilia Cosme Mendez, não é suficiente proibir a entrada de crianças nos lixões. “É comum vermos nas madrugadas crianças e adolescentes entrando nos lixões para reciclar o lixo, apesar dos diversos riscos a que se expõe, assim como aos maus tratos e abusos a que são submetidos”, relata Ana Cecilia.

Articulação

Os desafios no combate às piores formas de trabalho infantil parecem ainda maiores se pensarmos no compromisso assumido por diversos países perante a OIT e a comunidade internacional de erradicar tais atividades até 2016.
Na América Latina, Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e Venezuela comprometeram-se a acabar com as piores formas do trabalho infantil de acordo com a meta. Para a maioria dos países, a meta parece inalcançável em menos de três anos e, por isso, o intercâmbio de experiências surge como fundamental.


Representantes de vários países latino americanos participarão do IV Encontro Internacional contra o Trabalho Infantil, que será realizado em agosto na cidade de São Paulo e terá um grupo de debate focado nas piores formas. O fórum busca amadurecer os debates para a III Conferência Global sobre Trabalho Infantil, que será realizada em 8 e 9 de outubro em Brasília e será um momento fundamental de avaliação do cumprimento da meta acordada com a OIT e avaliação dos desafios.

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