A
Associação Atletas pela Cidadania lança hoje forte manifesto sobre os
megaeventos esportivos sem legados para o país.
A
entidade é hoje presidida por Ana Moser, e, dela fazem parte esportistas como
Mauro Silva, Cafu, Raí, Lars Grael, Magic Paula, Fernando Meligeni, Gustavo
Borges, Joaquim Cruz e muitos outros.
Leia abaixo, a íntegra do manifesto que ecoa a voz das ruas nos
protestos de junho que abalaram o Brasil:
“Há
mais de dois anos, a associação Atletas pela Cidadania vem tentando chamar a
atenção do governo para a importância de uma agenda de um legado dos grandes
eventos esportivos.
Copa
e Olimpíadas têm um valor inegável para o país que as recebe, mas somente se
tornam uma oportunidade efetiva quando a prioridade do interesse público é a
regra e quando existam propostas concretas de Legado Esportivo e Social.
O
interesse público e a transparência têm que prevalecer em todas as ações: nas
obras, construções, intervenções sociais ou investimentos públicos e privados.
Mais do que isso: todos os recursos gerados pelos eventos devem ser destinados
ao desenvolvimento social e econômico do país, chegando de forma positiva na
vida das pessoas.
Nós, Atletas pela Cidadania, somos contra a
destinação de recursos públicos para benesse de alguns, as remoções que violam
os direitos humanos, a corrupção e a falta de transparência nas decisões e nas
contas.
Tudo isso é contra o espírito e os valores do Esporte.
Acreditamos nos valores positivos do Esporte e sabemos do seu impacto no
desenvolvimento do país. O Esporte é direito de todos os brasileiros. Melhora a
saúde e a qualidade de vida, diminui a evasão escolar, aumenta o desempenho dos
alunos.
Repetimos:
há mais de dois anos apresentamos uma agenda positiva ao país, com dois pontos
centrais para o Legado Esportivo e Social da Copa e das Olimpíadas: o Esporte
acessível a todos os brasileiros e a urgente revisão do Sistema Esportivo
Nacional.
As
diretrizes são claras.
Limitar o mandato de dirigentes esportivos,
definir os papéis e integrar os entes federativos, abrir à participação
democrática de atletas, qualificar educadores e profissionais esportivos
permanentemente, ampliar a infraestrutura esportiva pública.
São
medidas para garantir o acesso ao Esporte para todas as pessoas, de norte a
sul. Além de desenvolver a cultura esportiva no país e levar os benefícios do
Esporte a todos. E como consequência natural, também melhorar o esporte de alto
rendimento e suas conquistas.
Felizmente, o país hoje clama por mudanças. A
agenda pública deve se balizar pelo que seu povo decide e não só pelo que seus
governantes acreditam que sejam as prioridades. O dia a dia do poder tem
afastado a máquina pública do interesse público. Vivemos uma crise da
democracia representativa, cuja solução está em ouvir diretamente os detentores
reais do poder – o povo.
Queremos
ser ouvidos e por isso solicitamos:
2.
Aprovação de legislação que dispõe sobre as condições necessárias para as
entidades do Sistema Nacional de Esporte receberem recursos públicos (emenda nº
à MP 612 e emenda nº à MP 615).
3.
Total transparência dos investimentos e das apurações referentes às denúncias
de violações de direitos humanos nos grandes eventos esportivos, como
exploração sexual infantil, remoções sociais forçadas, sub-emprego”.
Informações
sobre a Associação Atletas pela Cidadania você encontra em http://www.atletas.org.br/.
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