Durante quatro dias, os participantes estudaram a Convenção Internacional dos Direitos da Criança da ONU, o Estatuto da Criança e do Adolescente e debateram temas como as representações sociais da infância, participação, incidência, diagnóstico, planejamento e obstáculos contra a participação, entre outros.
Uma das características mais marcantes do evento foi a diversidade. O encontro reuniu meninos e meninas (entre 13 e 17 anos), de todas as regiões do País, das mais diversas condições sociais, culturais e econômicas e de raças e etnias diversas. No mesmo espaço, conviveram representantes de tribos Kambiwa, Terena e Guarani com adolescente com deficiência, brancos, negros, retratando bem a pluralidade da sociedade brasileira.
Apesar das diferenças, todos os adolescentes apresentaram a mesma preocupação com o futuro e as dificuldades que encontram para assegurar os seus direitos e para se expressar.
O adolescente Deyvid da Silva Ferreira, 16 anos, de Rio Branco (AC), participante do movimento estudantil e representante no evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ressaltou o conhecimento que levará do Encontro. “Convivemos com pessoas de todo o Brasil e com pensamentos diferentes. Trocamos conhecimentos e construímos juntos. Agora tenho mais condições de brigar pelos meus direitos com a consciência de que os adolescentes também fazem parte da sociedade”.
Para o educador José Ricardo de Oliveira, do Cendhec de Pernambuco e representante da Anced, o I Encontro de Adolescentes do FNDCA vai se tornar um marco histórico no exercício do direito à participação. “Teremos sempre que nos referir a antes e depois do Encontro por conta de sua importância e sucesso”, assinalou.
No último dia do Encontro, os participantes desenvolveram o aprendizado em oficinas de artes plásticas, fotografia, teatro, modelagem, blog, jornalismo, palhaço e música. As apresentações surpreenderam e emocionaram a todos. Todos os grupos esbanjaram criatividade, esperança e deixaram claro suas principais preocupações: cidadania, educação, moradia, convivência familiar e comunitária, respeito à desigualdade, acesso à informação, entre outros.
O blog produzido durante o Encontro teve como tema a educação inclusiva e homenageou Matheus, o adolescente com deficiência participante do evento. O blog pode ser acessado no endereço http://matheusapae.blogspot.com/.
Gerardo Sauri Suarez, Diretor Executivo da Red por los Derechos de la Infancia México, representante da REDLAMYC (Rede Latino-Americana e Caribenha pelos Direitos da Criança e do Adolescente – rede da qual o FNDCA integra) dentro do Conselho Consultivo de ONGs para o estudo da ONU sobre violência contra a criança da América Latina, foi o facilitador do evento.
A KNH foi mais uma parceira dessa brilhante iniciativa e enviou como seus representantes, 6 adolescentes. Um Adolescente do SUL, uma Adolescente do Nordeste e Ana Paula, Talisson, Mariana e Joyce representado o regional SECO
COLUNATIVA
segue texto enviado pelos Jovens Jornalistas:
“O evento trouxe conhecimento teórico e prático para todos os adolescentes e educadores. Na fala dos adolescentes, muito se colocou sobre o adultocentrismo, ação cotidiana, que é a tomada das decisões pelos adultos, mesmo quando há participação de adolescentes, que acaba sendo só simbólica.
Na concepção dos educadores, o Encontro traduziu claramente a angústia dos adolescentes quanto à sua participação em processos de discussão. Ou seja, não adianta eles debaterem algo, se sentirem importantes naquele processo, mas não influenciar em nada na conclusão. Embora isso não signifique que o adolescente deve decidir ou mesmo falar tudo da forma quiser, pois a orientação do adulto e também sua contribuição podem ajudar.
Os adolescentes querem ser ouvidos e que suas opiniões tenham influencia na mudança dos problemas observados. Portanto, que tenham espaços de fala, defesa e debate voltados às políticas publicas e aos direitos da criança e do adolescente nos fóruns, nas conferências e nos conselhos de direitos (municipais/regionais, estaduais até chegarem ao nacional).
A partir da experiência trocada e do aprendizado adquirido no Encontro, é possível concluir que, com cooperação de ambas as partes, podemos ter participação não simbólica no Brasil."
Ana Paula Felix, Mariana Teixeira e Talisson Leite (Serpaf - Projeto Jovens jornalistas)