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Créditos: João Roberto Ripper. |
Denise
Galvani, da Repórter Brasil
Fiscalizar o emprego
irregular de crianças e jovens é responsabilidade do Ministério do Trabalho e
do Emprego (MTE). Em 2007, os fiscais do trabalho encontravam, em média, seis
crianças a cada incursão em firmas ou logradouros públicos. Agora, a média é de
0,8 – ou seja, em parte das ações de controle, não se encontra irregularidade.
“É natural que
nosso trabalho vá ficando mais difícil à medida em que chegamos mais perto da
erradicação”, diz Luiz Henrique Ramos Lopes, coordenador do combate ao Trabalho
Infantil do MTE. “Nós precisamos mudar a maneira de fiscalizar, fazer um
trabalho de inteligência, estudar os dados do IBGE e planejar as ações”.
Em suma: hoje há
menos trabalho infantil que há dez ou vinte anos, mas ele ainda existe e está
mais difícil de ser combatido. Em resposta a isso, o número de ações fiscais
exclusivamente para buscar focos de crianças trabalho aumentou: entre 2007 e
2011, a média era de 2.700 ações fiscais por ano, em todo o Brasil; em 2012,
apenas de janeiro a outubro, foram 6.499 ações, que afastaram do trabalho um
total de 5.263 crianças.
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Meninas Marisqueiras Créditos: João Roberto Ripper. |
Os desafios variam muito de região para
região. “No Sul há muito trabalho de crianças na agricultura familiar, então é
preciso reforçar a conscientização, o aspecto cultural. No Nordeste ainda se
encontra bastante o trabalho infantil associado à pobreza da família, então é
preciso encaminhar para os programas de transferência de renda”, explica Luiz.
A articulação
eficiente com diferentes órgãos de assistência social é considerada prioridade
para dar mais efetividade ao trabalho de fiscalização. Está em fase final,
segundo Luiz, um sistema eletrônico de notificação de agravos que vai permitir
a profissionais das áreas da saúde, educação ou Direitos Humanos comunicar a
ocorrência de casos de Trabalho Infantil. “Também orientamos os nossos
coordenadores a participar ativamente dos fóruns estaduais, para ajudar a
fortalecer a rede de proteção local. Alguns, como o de Minas Gerais e do Rio
Grande do Sul, são muito articulados, e o trabalho realmente avança”, diz Luiz.
Mas, de maneira geral, a articulação depende muito de órgãos de governos e
prefeituras, e não se vê o mesmo grau de comprometimento em todas as cidades.
Prioridades
O planejamento
das ações fiscais é descentralizado, para atender às particularidades
regionais, mas algumas diretrizes partem do Ministério do Trabalho, em
Brasília, para orientar o combate ao trabalho infantil.
Nos últimos dois
anos, o principal esforço tem sido para erradicar as chamadas piores formas de
trabalho infantil, definida por um decreto de 2008, que regulamentou a
Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho, sobre trabalho
infantil, do qual o Brasil é parte. “Este ano, foram mais de 1.000 ações em
lava-jatos, principalmente em junho, onde se sabe que a mão de obra infantil e
juvenil é muito empregada”, diz Lopes. Em 2013, os fiscais devem voltar aos
estabelecimentos fiscalizados, para controlar a reincidência do problema.
Em 2012, também
receberam atenção de vários estados irregularidades do trabalho de crianças e
jovens em clubes de futebol, casos pontuais de trabalho artístico e o trabalho
infantil urbano, na maior parte das vezes, no comércio de rua.
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Trabalho Infantil Urbano: MPT/Divulgação. |
“Nós priorizamos também o setor formal,
que é onde há relação de emprego, porque essa é a competência natural do
Ministério do Trabalho”, diz Luiz. Assim, em 2012, uma das frentes de trabalho
buscou fiscalizar as condições de trabalho em empresas que declaravam empregar
funcionários com menos de 18 anos na Relação Anual de Informações Sociais.
Luiz destaca
também a regularização dos trabalhos de adolescentes maiores de 14 anos, que é
permitido pela lei, em condições de aprendizagem (menores de 16 anos) ou protegidas
(16 e 17 anos). “A fiscalização tem feito um trabalho excelente no setor de
aprendizagem, ao orientar as empresas a adequar as funções e estabelecer
parcerias com instituições de ensino. Este ano já foi regularizado o trabalho
de 120 mil aprendizes, mais que o dobro de todo o ano passado”, destaca.
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