Foram
encerradas nesta quinta-feira, 10 de outubro, as atividades da 3ª Conferência
Global sobre Trabalho Infantil, que reuniu delegações de 130 países para
reafirmarem o compromisso de erradicar, até 2016, as piores formas de trabalho
envolvendo crianças. E um dos momentos do último dia contou com a presença dos
adolescentes brasileiros que realizaram a cobertura educomunicativa do evento.
Com
a presença do ex-presidente Lula, do diretor-geral da Organização Internacional
do Trabalho, Guy Ryder, e dos ministros do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome, Tereza Campelo, do Trabalho, Manoel Dias, e das Relações Exteriores, Luiz
Alberto Figueiredo, os adolescentes apresentaram suas produções em mídia e
leram a Declaração dos Adolescentes que, entre outros pontos, afirmaram a
necessidade dos governos facilitarem a participação de crianças e adolescentes
nos espaços de tomadas de decisão.
Leia,
abaixo, a íntegra da carta.
DECLARAÇÃO
DOS ADOLESCENTES PARTICIPANTES DA III CONFERÊNCIA GLOBAL SOBRE TRABALHO INFANTIL
Caros
colegas presentes na 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil,
Durante
esses três dias de encontro, estivemos presentes para reforçar a ideia de que
temos um papel fundamental na construção de políticas públicas para acabar com
o trabalho infantil no mundo.
Temos
um jeito diferente do adulto de ver e sentir o mundo. Assim como o idoso.
Muitas vezes, os adultos só lembram do que fizeram de ruim e feio quando eram
adolescentes.
Nós
temos muita energia e vontade, mas ainda precisamos de adultos que nos
incentivem e criem outras formas de nos incluir na formulação de políticas para
nós adolescentes. Para estimular a nossa participação é necessário criar
espaços para que isso venha acontecer.
Muitas
vezes, em nossa própria casa, somos incentivados a trabalhar desde muito cedo.
E o que fazer em uma situação como essa? Quando conseguimos entender e acessar
nossos direitos, também conseguimos interferir em pensamentos e condutas de
nossas famílias, que embora queiram o melhor para nós, às vezes podem não estar
certos o tempo todo.
Se
serei o gestor do amanhã, também preciso quebrar barreiras criadas pelos
adultos de hoje, para repetir os acertos, mas não repetir os mesmos erros.
Com,
após muita discussão, chegamos a cinco pontos que gostaríamos que as delegações
dos países aqui presentes dessem uma atenção especial, que irão incentivar
nossa participação em lugares onde ocorre a formulação de políticas, assim como
as conferências, como também nas próprias políticas para a erradicação do
trabalho infantil em nosso planeta.
Estas
são nossas afirmações:
-
Mobilização e articulação do poder público, da sociedade civil, inclusive
crianças, adolescentes e jovens, para o fortalecimento de políticas públicas
voltadas ao enfrentamento do trabalho infantil, em especial do trabalho
infantil doméstico e na agricultura.
-
Ampliação de programas sociais de transferência de renda para contribuir com a
erradicação da miséria no mundo e do trabalho infantil.
-
Estabelecimento de compromissos com governos para garantir a participação de
crianças e adolescentes em políticas públicas de educação integral, cursos
profissionalizantes, cultura, esporte e lazer.
-
Integração das políticas de educação, saúde e assistência social para
identificação de situações de trabalho infantil e o atendimento das demais
situações de violação de direitos.
-
Garantir a participação de crianças, adolescentes e jovens nos espaços de
decisões políticas, em especial na 4ª Conferência Global sobre do Trabalho
Infantil em 2017, desde as fases preparatórias até a etapa final.
E
gostaríamos de pedir, em nome de todas as crianças e adolescentes, o
compromisso de assinatura da convenção 182 da Organização Internacional do
Trabalho até a 4ª Conferência Global
sobre do Trabalho Infantil pelos nove países que ainda não aderiram para que as
crianças e adolescentes desses países sejam protegidos das piores formas de
trabalho infantil.
Por
fim, queremos agradecer a comissão organizadora desta Conferência por entender
que sem a nossa participação, não se pode avançar na construção de um mundo
mais justo para crianças e adolescentes.
Equipe
de adolescentes comunicadores: Dayana (PA), Ítalo Meotti (DF), Rafael Lima
(CE), Rogério (RS), Sarah (AC), Thailane Oliveira (RJ), Wesley Busatto (ES),
Marco Antônio (TO), Hilamy Moreira (AM), Laisnanda Sousa (MA), Daniel Vonmuller
(SC), Laiana (BA), Danielle Fiel (PB), Matheus Farias (RN), Fábio (AP), Júlio
César (MG), Weverson Antônio (MT), Alanna Santos (SE), Thamires Rozendo (AL),
Lucas Soares de Oliveira (MS) e Suzana Silva (PE)
Educomunicadores:
Bruno Ferreira, Elisangela Nunes, Filipe Campos, Maria Luisa Moura e Rafael
Silva
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