"Transgredir por meio da inteligência e da articulação política, é a melhor maneira que o jovem tem hoje para lutar pelos seus direitos".
Por: Hudson Freitas
Belo Horizonte – Entre os
dias três e cinco de Dezembro, o Instituto de Estudos Socioeconômicos – Inesc,
em parceria com a KNH Brasil, realizou a oficina: Formação de formadores. Projeto de
capacitação para jovens e adolescentes.
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Vinicius Moreira |
O objetivo da oficina é
discutir conceitos e políticas públicas para o enfrentamento de diversas formas
de violência que afetam crianças e adolescentes das comunidades populares, a
partir de ações protagonistas.
A Oficina capacitou adolescentes
de projetos parceiros da Knh Brasil.
"O intuito é que esses jovens
sejam agentes multiplicadores de direitos, e, que eles próprios possam repassar
o aprendizado a outros jovens das suas comunidades, assim, criando um ciclo de
capacitação em rede. E que esses jovens, sejam sujeitos de atuação na garantia
e promoção dos direitos da criança e adolescente". Comenta Christiane Rezende,
Assessora de Projetos KNH Brasil.
A formação centra o foco em
Direitos Humanos, Orçamento Público e Participação Política. "A ideia principal é que os adolescentes se
apropriem dos debates e realizem mobilizações e articulações em suas comunidades
pela conquista de direitos". Comenta Márcia Acioli, Assessora Pedagógica do
Inesc.
De acordo com Márcia Acioli,
conscientizar o adolescente da importância quanto ao seu papel de protagonista
de direitos, como um agente de devesa dos seus demais, da sua comunidade, respondendo
por si, é o primeiro passo para o combate a violência.
"O adolescente muita das
vezes está presente dentro da sua comunidade, ele pode responder por si próprio,
falar do que precisa. Debater a respeito dos seus anseios do que lhe
aflige. E muitas das vezes a gente conta
com pessoas que estão no poder, que não vive o que a gente vive. Não sabe o que
passamos, nem se quer conhece a verdadeira fonte da violência dentro da comunidade. Agora um jovem que vive o dia a dia de uma
comunidade, ele sim pode falar o que ele precisa e tentar combater a violência",
diz Cristiany Lima, adolescente protagonista.
Outro aspecto proposto na
formação dos adolescentes foi a criação de um espaço de debate online, onde as
pessoas iram poder compartilhar experiências de enfrentamento de direitos,
partilhar informações a cerca de gênero, raça, direitos humanos, criar grupos
de trabalhos, comunidades de aprendizagem, entre outros, por meio de uma rede colaborativa de troca de
informações.

Vinícius, ainda comenta que
a importância da participação do adolescente, no protagonismo pela mudança do
cenário da violência, perpassa por questões históricas complexas. "O adolescente
muita das vezes é criminalizado pela sociedade, e até mesmo pela mídia. Então, quando
o adolescente se vê protagonista de seus direitos, e que ele tem voz, perspectiva
social, tem vez dentro da sociedade, ele percebe que pode lutar, não só pelos
seus direitos, como pelo direito de outros adolescentes dentro da sua
comunidade no combate a violência", explica.
Márcia Acioli comenta da importância do Jovem transgredir. Mas, transgredir por meio da inteligência e
da articulação política. "Essa é a melhor maneira que o jovem tem hoje para
lutar pelos seus direitos. Trabalhar com a dimensão da cultura e da arte nas
intervenções urbanas, pode dar muitos frutos. Surpreender, chamar a atenção de
uma maneira inusitada. Com recados bonitos, claros. E o principal. Dialogar com
as autoridades para mudar essa nossa realidade, resalta.
Estiveram presentes na
oficina Formação de Formadores os projetos Parceiros: Inesc - DF, SERPAF - MG, Casa
da Juventude, Itaobim – MG, Projeto Legal – RJ, Meu Corpo, Meu bem – SP. E
ainda, O Movimento de Organização Comunitária – MOC da Bahia, e o projeto Ação
Educativa – SP.
Após os adolescentes debaterem
a cerca da elaboração de um plano de comunicação e propor um plano de ação e
sistematização dentro das suas comunidades a cerca de um levantamento dos focos
de incidência de violência, foi criado o nome para o projeto, TEIA: Rede em
Ação Por Direitos.
"É impressionante como os
adolescentes se apropriam rapidamente dos temas e se engajam muito rápido em
alguma militância. Um encontro como esse, propicia uma aproximação, um novo
ponto de conexão com outros jovens que tem as suas militâncias, suas
atividades, suas organizações. Enfim, essa soma de experiências de pessoas, para
essas trocas de saberes é o ponto que alimenta o projeto", finaliza Márcia
Acioli.
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